Os Desafios da Gestão de Custos da Saúde em Tempo de Crise

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O Brasil passa por um ano desafiador no que tange ao controle da evolução dos custos em todos os setores da economia e, mais precisamente, para os custos médicos, onde surgem agravantes peculiares como o envelhecimento da população e o modelo de remuneração dos serviços. 

Neste contexto são percebidos grandes movimentos no setor, por exemplo: liquidação financeira, fusões, aquisições e internacionalização de empresas nacionais.

A boa notícia é que o movimento econômico e societário é positivo e a gestão de custos é possível, de maneira integrada e coesa, propiciando uma relação custo versus benefício mais equilibrada no longo prazo.

Historicamente, os custos dos planos de saúde têm crescido acima da inflação de preços no Brasil. E, em situações de pouco crescimento do PIB ou em momentos de crescimento do PIB negativo, como nos dias atuais, este fenômeno se agrava. O crescimento real é o que é chamado de inflação médica, que é a soma das parcelas da inflação de preços e do crescimento real dos custos médicos, também conhecido por VCMH – Variação dos Custos Médicos e Hospitalares.

De modo geral, o crescimento dos custos médicos acima da inflação de preços se dá devido a variáveis que, em alguns casos, estão fora do controle das empresas, tais como:

  • O aumento da expectativa de vida das pessoas que proporciona a utilização por mais tempo dos serviços médicos;
  • O aparecimento de novas doenças e o consequente avanço da medicina para enfrentá-las, desenvolvendo novas tecnologias e equipamentos de última geração;
  • A inclusão de novos procedimentos ao rol mínimo determinado pela ANS;
  • O custo sempre crescente dos medicamentos e materiais cirúrgicos, cuja política de preços é regida segundo as leis do mercado;
  • As negociações das operadoras de planos de saúde com hospitais, clínicas e laboratórios, às quais a empresa compradora de serviços não tem participação;
  • Os movimentos da classe médica por melhores condições de remuneração, igualmente sem a participação das empresas neste processo.

Como em todo o ano “par”, a ANS acrescenta novos procedimentos a partir de janeiro. Ao final deste ano, serão 21 novos procedimentos concentrados em novos exames laboratoriais, mais um medicamento para tratamento oral de câncer e ampliação do número de consultas para fonoaudiologia, nutricionistas, fisioterapeutas e psicoterapeutas.

Ao longo de 2016, quatro diferentes fatores estão influenciando negativamente a composição dos custos de saúde. O ano começou com a taxa de câmbio superando os R$ 4,00 no mês de janeiro e deve rondar esse patamar ao longo dos próximos meses, principalmente se o desempenho da economia se mantiver nos níveis atuais. Considerando que nas internações hospitalares há um peso importante dos materiais e medicamentos utilizados e que estes itens muitas vezes dependem de importações, comparando o ano de 2016 versus 2015, neste quesito, encontraremos uma variação importante que contribuirá para o aumento real dos custos médicos.

A prosseguir a atual situação econômica do país, o ano de 2016 deverá encerrar-se com um volume expressivo de demissões laborais. Alguns analistas já falam na perda de 1 milhão de empregos com carteira assinada ao longo do ano. Se, por um lado este movimento pode trazer algum corte de custo para a empresa no que se refere, por exemplo, ao pagamento de prêmios para o plano de saúde, por outro é sabido que, nestes momentos de incerteza, a tendência é que as pessoas utilizem o plano com maior intensidade ou mesmo após a demissão, nos modelos de extensão determinados pela Lei 9656/98, nos seus artigos 30 e 31.

Ainda não se sabe qual será a extensão dos males causados pelo Aedes Aegypti, tanto na contração de dengue quanto da febre chikungunya e do zika vírus. De qualquer modo, espera-se que tenhamos um aumento da procura pelos exames rápidos, incluídos pela ANS no rol de procedimentos a partir de janeiro deste ano, trazendo aumento real nos custos médicos.

Os quatro fatores expostos acima, em conjunto com os demais fatores explanados, podem fazer com que os custos médicos em 2016 superem a casa dos 20%. Desde 2011, o índice cresce continuamente acima de dois dígitos e bate um recorde preocupante com alta de 19,3% nos últimos 12 meses, encerrados em dezembro de 2015 (publicação do Instituto de Saúde Suplementar em 17/05/2016 – IESS). Vale lembrar que os dois primeiros itens acima influenciam diretamente no VCMH e os outros dois na utilização propriamente dita dos planos (sinistralidade).

O ano de 2016 está sendo desafiador, no que tange ao controle da evolução dos custos médicos. Porém, a despeito de que não seja possível atuar em determinados fatores, em outros reitera-se que é possível mitigar os impactos esperados, de maneira integrada e coesa, propiciando uma relação custo versus benefício mais equilibrado no longo prazo. Para tanto, recomenda-se a intensificação da cultura da precaução junto aos usuários de serviços de saúde e a implantação de uma gestão de custos com base em uma abordagem multidisciplinar, proporcionando um processo que permita compreender a origem dos custos, o aumento de proventos, as reduções de custos e a obtenção de melhores níveis de produtividade, entre outros aspectos da gestão.

A Mestra Consultoria está preparada para oferecer metodologias com soluções adequadas que atenderão estes desafios na gestão de custos, de maneira eficiente, visando criar e reforçar diferenciais competitivos aos seus clientes.

Nossa metodologia inclui conceitos e ferramentas que visam conhecer e melhorar seus custos por meio de:

  • Incorporar a gestão de custos como um fator estratégico para a Organização de Saúde, seja ela uma sociedade civil privada, pública ou social;
  • Mapear os riscos e os custos incorridos, de acordo com o perfil epidemiológico da Instituição;
  • Elaborar o planejamento e orçamento dos recursos disponíveis para a atenção à saúde;
  • Aperfeiçoar informações relevantes e pertinentes a custos, utilizadas como subsídio para a otimização do desempenho de serviços, unidades, regiões e redes de atenção em saúde;
  • Analisar o desempenho dos estabelecimentos, serviços e redes assistenciais;
  • Tomar decisões tendo enquanto subsídio a informação de custos;
  • Melhorar a gestão dos recursos disponíveis.

É importante salientar que o conhecimento sobre custos é a base e o diferencial para um melhor planejamento e para ampliar a eficiência da gestão.

Conheça nossos serviços e o programa “Gestão de custos da área da Saúde e da Gestão Hospitalar” com nossos especialistas!

Autor: Fábio Pinheiro Wanderley – fwanderley@mestraconsultoria.com.br 

Site: www.mestraconsultoria.com.br