Ao longo de mais de duas décadas ajudando empresas a desenvolverem Planejamento Estratégico e implementarem Gestão de Riscos, aprendi que o sucesso não está apenas nas boas intenções ou nas metodologias aplicadas. Ele depende, acima de tudo, da qualidade das decisões tomadas ao longo do caminho.
Empresas que planejam bem, mas não consideram seus riscos, se tornam vulneráveis. Empresas que focam apenas em riscos, sem um norte estratégico, ficam paralisadas. E aquelas que falham na tomada de decisão vivem apagando incêndios. O desafio dos conselhos e da alta gestão é equilibrar esses três pilares, garantindo um modelo de governança que antecipe cenários, mitigue ameaças e transforme incertezas em oportunidades.
Esse foi o cerne da discussão na aula do instrutor Vanei Campos, no curso PFCC do Board Academy Br, que trouxe insights valiosos sobre como planejamento, riscos e decisão formam um ecossistema interdependente dentro da governança corporativa.
Planejamento Estratégico: O Mapa Antes da Jornada
Peter Drucker dizia que “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo”. E é exatamente isso que um planejamento estratégico bem estruturado busca fazer. No entanto, para que isso aconteça, ele não pode ser um exercício isolado, conduzido apenas pela alta administração, sem conexão com a realidade do negócio e do mercado.
Planejar não é sobre prever cada detalhe do futuro – isso seria impossível. Planejar é sobre criar um modelo estruturado de decisão, que ajude a empresa a responder com agilidade e inteligência às mudanças do ambiente externo. Isso significa definir onde a empresa quer jogar, quais diferenciais a tornarão competitiva e quais riscos e oportunidades podem surgir ao longo do caminho.
Como aprendi ao longo da minha trajetória na Mestra Consultoria, um bom planejamento deve alinhar propósito, estratégia e execução. Se ele não está claro para toda a organização – dos conselheiros aos times operacionais – é porque ainda não está pronto.
Gestão de Riscos: O Paraquedas Que Evita Quedas Livres
Um dos conceitos fundamentais da ISO 31000, certificação que obtive como especialista em Gestão de Riscos, é que risco não é sinônimo de problema. Risco é qualquer incerteza que possa afetar os objetivos de uma organização, seja de forma negativa ou positiva.
O problema é que muitas empresas só olham para os riscos quando a crise já bateu à porta. O que diferencia uma organização resiliente de uma vulnerável é a capacidade de identificar, medir e gerenciar riscos antes que eles se tornem incontroláveis.
A matriz de riscos da governança corporativa, como bem abordado na aula de Vanei Campos, deve considerar pelo menos cinco grandes categorias: financeiros, regulatórios, operacionais, cibernéticos e estratégicos. Nenhuma empresa está imune a riscos – mas toda empresa tem a chance de transformá-los em vantagem competitiva, desde que saiba onde e como atuar.
Tomada de Decisão: O Diferencial Que Separa Empresas Boas de Empresas Excelentes
No fim do dia, toda estratégia e toda gestão de riscos dependem de um elemento central: as decisões que são tomadas pelos líderes da organização.
O problema é que a tomada de decisão, muitas vezes, é conduzida sem um método estruturado. Algumas empresas demoram demais para agir, outras tomam decisões impulsivas e há aquelas que delegam a escolha para o acaso. A pesquisa apresentada na aula do PFCC revelou que os maiores erros dos CEOs em momentos de crise são a demora para agir, a tomada de decisão baseada na emoção, a centralização excessiva, o conservadorismo extremo e a desconexão com a realidade.
Para evitar esses erros, a boa governança exige decisões embasadas em fatos e alinhadas ao planejamento estratégico e à gestão de riscos. Isso significa ter métricas claras e confiáveis, garantindo que cada decisão seja tomada com base em informações objetivas, e não apenas em percepções subjetivas. Além disso, exige a construção de cenários alternativos, permitindo que a empresa se prepare para diferentes possibilidades, em vez de reagir apenas quando o problema já está instalado. Por fim, uma governança eficaz evita o risco da unanimidade precipitada. Quando todos concordam rapidamente, sem debate, pode ser um sinal de que a decisão foi tomada cedo demais e sem considerar todas as variáveis. Alfred Sloan, ex-CEO da GM, tinha um princípio simples, mas poderoso: se todos estão de acordo na primeira reunião, a decisão deve ser adiada para que o problema seja melhor analisado.
Reflexão Final
Governança corporativa não é sobre seguir regras – é sobre construir um modelo sustentável de decisão, onde estratégia, riscos e execução estão alinhados.
Com mais de 20 anos ajudando empresas a desenvolverem seus planos estratégicos e implementarem gestão de riscos, vi na prática como um modelo bem estruturado aumenta a resiliência, melhora a competitividade e gera valor sustentável.
O conselho da sua empresa está de fato contribuindo para que as decisões sejam melhores? A governança está conectando planejamento, riscos e execução de forma eficiente?
Se quiser discutir mais sobre esse tema, fique à vontade para curtir, comentar, criticar e interagir!